No passado dia 22 de Setembro concluiu-se a 3.a campanha de escavações arqueológicas no Castelo de Crestuma que ali têm vindo a ser realizadas pelo Gabinete de História, Arqueologia e Património (GHAP) da Confraria Queirosiana, patrocinadas pela empresa Águas e Parque Biológico de Gaia EEM.

 

Depois dos períodos de intervenção em Julho e Agosto, na vertente leste, no topo do castelo e na praia de Favaios, os trabalhos deste dia tiveram como objetivo encontrar as estruturas portuárias romanas que se suspeitava existirem neste último lugar, dedução essa apoiada na exumação de importante espólio vindo de portos distantes, de cantarias de bom porte por ali dispersas e, mais recentemente, pelas indicações do levantamento geofísico ali realizado por georadar, que indiciou a existência de estruturas enterradas na areia, e também a compreensão do sítio que o estudo do complexo arqueológico de Crestuma tem vindo a proporcionar.

 

Para tal foram mobilizados diversos meios técnicos e uma equipa com núcleos de aptidões diversas: assim, enquanto na praia junto à linha de água, conjugada com a maré, foi colocada a operar um máquina escavadora, eram cheios sacos de areia para entivar a área escavada e acionado um grupo de motobombas das Águas de Gaia, no Rio Douro uma equipa de mergulhadores da Companhia de Sapadores Bombeiros de Gaia efetuava o reconhecimento subaquático da zona sob a indicação dos arqueólogos. Todas estas ações foram devidamente registadas em terra, e também na água através da colaboração da Junta de Freguesia de Crestuma, que para o efeito disponibilizou um barco e tripulação.

 

Para além dos coordenadores, dos arqueólogos, das equipas do GHAP, e do pessoal das instituições referidas, estiveram igualmente presentes vários professores e investigadores das faculdades de Letras e de Ciências da Universidade do Porto, e de outras instituições, de Portugal e da Galiza, que quiseram acompanhar esta intervenção.

 

Por volta das 15,30 h da tarde começaram a aparecer na área escavada da praia algumas cantarias em granito aparelhadas à maneira romana, estruturadas entre si. Procedeu-se de imediato à sua limpeza e registo, até porque a subida da maré condicionava a continuação dos trabalhos.

 

Entretanto em meio subaquático os mergulhadores registaram diversas existências de espólio e outros elementos que valorizam o conhecimento do sítio.

 

No final dos trabalhos foi reposta a paisagem, pois não era possível, nas atuais circunstâncias, manter à vista as estruturas descobertas.

 

Os estudos sobre o Castelo de Crestuma serão divulgados já nos dias 24 a 29 de Setembro em Catânia, Sicília, Itália, no Congresso Internacional de Cerâmica Romana, e no dia 29 no Solar Condes de Resende nas Jornadas Europeias de Património.

 

Os trabalhos desta campanha passam agora à fase de estudo, devendo prosseguir no terreno no próximo ano no Verão.